20/08/2015 |
(SÃO
PAULO) - A situação da Companhia Siderúrgica Nacional SA está ficando
tão grave que o presidente Benjamin Steinbruch participou da primeira
conferência com investidores em pelo menos cinco anos para oferecer
garantias.Ele prometeu reduzir dívidas
e preservar caixa depois que a siderúrgica teve seu maior prejuízo em
três anos e que sua alavancagem subiu ao nível mais alto em mais de uma
década.Infelizmente,
os detentores de bonds não se impressionaram. Desde a conferência de
quinta-feira, as notas da CSN da emissão de US$ 1,2 bilhão para 2020
afundaram 3,4 por cento, para mínimos históricos de 67,75 centavos de
dólar.CSN: detentores de bonds não se impressionaram (Douglas Engle) Steinbruch não conseguiu inspirar confiança nos investidores, que se acostumaram há tempos às promessas não cumpridas de redução da dívida feitas pela empresa. Eles também vêm se conscientizando cada vez mais sobre o estado precário da economia
do Brasil, o maior mercado da CSN. Com os analistas prevendo a recessão
mais longa desde 1931, a preocupação é que a demanda pelos aços planos
usados na fabricação de carros seque e prejudique uma importante fonte de receita da CSN.“O
ambiente operacional será difícil”, disse John Haugh, estrategista da
Mizuho Financial Group Inc. para a América Latina, de Nova York. “Sejam
quais forem os objetivos, você precisa mostrar que está adotando medidas
para cumprir esses objetivos e que os objetivos actuais estão sendo
atingidos”.A CSN preferiu não comentar o desempenho de seus bonds.A
dívida líquida da empresa com sede em São Paulo inchou para R$ 20,8
bilhões (US$ 6 bilhões) -- mais de quatro vezes o valor de mercado da
siderúrgica --. Suas obrigações agora são de 5,6 vezes os lucros antes
de juros, impostos, depreciação e amortização, ou Ebitda.‘Promessa’ da empresa“Normalmente,
vocês sabem que eu não participo dessas apresentações, mas eu fiz
questão de estar nessa para que junto a meus colegas aqui de diretoria
nos possamos demonstrar aquilo que nos pretendemos fazer no menor espaço
de tempo possível”, disse Steinbruch, 62, na conferência. \Estamos
focados, toda a diretoria, toda a empresa, no sentido de preservar
caixa, reduzir endividamento, melhorar a margem de ebitda. Esse é nosso
compromiso\.Paulo
Caffarelli, diretor-executivo corporativo da CSN, disse na mesma
conferência que a empresa está negociando com credores para estender o
prazo de parte de seus R$ 7,4 bilhões em dívidas com vencimento em 2016 e
2017.Para
o JPMorgan Chase Co., os indicadores de alavancagem da CSN
provavelmente continuarão aumentando devido ao aprofundamento da crise no Brasil e à queda dos preços do aço. O consumo de aço no Brasil despencou 24 por cento em julho em relação a um ano atrás em um momento em que setores como os de fabricação de automóveis e construção encolheram. Os preços do minério de ferro despencaram 20 por cento neste ano.“O
pano de fundo da demanda doméstica pelo aço e os baixos preços do
minério de ferro continuam colocando pressão sobre os resultados da
empresa”, escreveram Rodolfo Angele e Julio Arantes, analistas do
JPMorgan, em um relatório com data de segunda-feira.O
preço das notas da CSN para 2020 caiu 20 por cento neste trimestre,
maior queda entre as empresas de materiais básicos classificadas como
grau especulativo de mercados emergentes. Os yields das notas mais do
que dobraram nos últimos 12 meses, para 16,28 por cento, segundo dados
compilados pela Bloomberg.“A preocupação existe”, disse Haugh, da Mizuho. “Os resultados pioraram consideravelmente”. Por Juan Pablo Spinetto.